Celebrado em 2 de abril, o Dia Mundial e Nacional da Conscientização sobre o Autismo tem como objetivo promover o conhecimento sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Mais do que uma data simbólica, é um chamado à empatia, à destigmatização e, acima de tudo, à ação. Criado em 2007 pela ONU e instituído no Brasil pela Lei 13.652/2018, esse marco busca ampliar a visibilidade das vivências de pessoas autistas e de suas famílias, que enfrentam desafios diários ainda pouco compreendidos pela sociedade — inclusive dentro das empresas.
Embora o debate muitas vezes esteja centrado na inclusão de profissionais autistas no mercado de trabalho, há uma outra realidade que exige atenção urgente: a de mães, pais e cuidadores de crianças com TEA. Esses profissionais lidam diariamente com uma rotina exaustiva de terapias, consultas médicas, estímulos e cuidados específicos, enquanto tentam conciliar essas demandas com suas responsabilidades profissionais.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento. Pode envolver alterações qualitativas e quantitativas tanto na linguagem verbal quanto na não verbal, além de características como ações repetitivas, hiperfoco em objetos específicos e interesses restritos.
O termo "espectro" reflete a ampla variedade de manifestações do transtorno — que vão desde casos leves, com autonomia e discretas dificuldades de adaptação, até níveis que exigem apoio contínuo e dependência total nas atividades do dia a dia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo estão dentro do espectro autista, sendo aproximadamente 2 milhões no Brasil.
Esses números refletem uma realidade que muitas vezes passa despercebida: milhares de famílias atípicas convivem com uma sobrecarga silenciosa, que impacta diretamente a permanência e o desempenho de seus membros no mundo corporativo. E, no entanto, a maioria das empresas ainda não está preparada para acolher essa complexidade. Faltam políticas específicas, lideranças capacitadas e, sobretudo, sensibilidade para reconhecer que inclusão também é oferecer suporte às famílias dos colaboradores.
Como garantir equidade quando horários rígidos, metas inflexíveis e ausência de apoio emocional empurram mães, pais e cuidadores de crianças autistas para fora do mercado?
Essa é a reflexão — urgente e necessária — que o Dia Mundial e Nacional da Conscientização sobre o Autismo nos propõe. E é também um chamado para que os profissionais de Recursos Humanos e lideranças corporativas assumam um papel ativo nessa transformação.
Para mães, pais e cuidadores de crianças com TEA, a rotina é marcada por uma dedicação intensa — entre consultas, terapias, estímulos diários e, muitas vezes, poucas horas de sono. Agora imagine tudo isso somado à pressão por produtividade, horários rígidos e um ambiente profissional que não compreende essa realidade.
Entre os principais desafios enfrentados no ambiente corporativo, destacam-se:
Sem o suporte adequado, muitas dessas famílias acabam sendo empurradas para fora do mercado — não por falta de competência, mas por falta de acolhimento. E é justamente nesse ponto que as empresas podem fazer a diferença.
Quando uma empresa escolhe olhar para as realidades diversas de seus colaboradores, ela dá um passo além da empatia simbólica dedicada a essas famílias: ela começa a construir uma cultura verdadeiramente inclusiva. No caso das famílias atípicas, esse olhar atento pode ser decisivo para manter talentos, fortalecer vínculos e gerar pertencimento.
O setor de Recursos Humanos tem um papel estratégico nesse processo. É ele quem pode abrir espaço para escuta, criar políticas personalizadas e orientar as lideranças sobre como acolher, de forma sensível e prática, mães, pais e cuidadores de pessoas com TEA. Mais do que adaptar regras, trata-se de reconhecer histórias e responder com empatia ativa.
Algumas ações possíveis que o RH pode liderar:
Pequenas mudanças podem ter um grande impacto. Quando mães, pais e cuidadores se sentem vistos e apoiados, não só conseguem permanecer no trabalho com mais equilíbrio, mas também se tornam multiplicadores de uma cultura mais inclusiva, humana e comprometida.
Oferecer suporte a famílias atípicas, além de ser um diferencial competitivo, é uma resposta necessária a uma demanda real do ambiente corporativo atual. As empresas já convivem com colaboradores que enfrentam desafios ligados ao cuidado de filhos com TEA, e ignorar essa realidade significa correr o risco de perder talentos, aumentar a rotatividade e comprometer o bem-estar das equipes.
Por isso, é fundamental que líderes e profissionais de Recursos Humanos adotem medidas inclusivas de forma estruturada — com base em dados, escuta ativa e políticas consistentes. Criar um ambiente mais justo, funcional e respeitoso beneficia não apenas as famílias atípicas, mas toda a organização.
É uma data celebrada em 2 de abril para promover informação, empatia e políticas de inclusão para pessoas com TEA e suas famílias.
Por meio de políticas de flexibilidade, escuta ativa, benefícios personalizados e formação de lideranças mais empáticas.
Porque essas realidades já fazem parte do ambiente corporativo e demandam adaptações que promovem retenção e bem-estar.