Saúde mental no trabalho é o conjunto de condições que preservam o equilíbrio emocional dos colaboradores durante a jornada, incluindo carga de tarefas, relações com líderes e pausas. Adotar políticas de prevenção reduz estresse, evita burnout e melhora produtividade.
A saúde mental no trabalho deixou de ser apenas uma pauta de bem-estar. Hoje, é uma prioridade estratégica para líderes e profissionais de RH. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse profissional e o burnout afetam milhões de brasileiros, impactando produtividade, clima organizacional e retenção de talentos.
O Brasil é, segundo a própria OMS, o país mais afetado por essa crise global. Dados da pesquisa Covitel 2024 mostram que cerca de 56 milhões de pessoas (26,8% da população) convivem com algum transtorno psíquico, evidenciando a urgência de ações concretas dentro das empresas.
Mais do que reagir a crises, o desafio das organizações é prevenir o esgotamento e promover ambientes emocionalmente saudáveis. Isso inclui desenvolver lideranças empáticas, políticas de apoio psicológico e programas que conciliem desempenho e qualidade de vida.
Neste guia, você vai entender por que investir em saúde mental é investir em resultados — e conhecer estratégias práticas para fortalecer o bem-estar e a cultura corporativa.
A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) define as diretrizes gerais de segurança e saúde no trabalho no Brasil — e vem ganhando destaque também no cuidado com a saúde mental ocupacional.
Embora sua versão original não abordasse aspectos psicológicos, as atualizações publicadas em abril de 2024 trouxeram mudanças significativas. As empresas têm até maio de 2026 para se adequar às novas exigências, que reforçam a responsabilidade contínua das organizações na prevenção de riscos psicossociais — como estresse, sobrecarga e assédio moral.
Essas alterações fazem parte do processo de modernização das Normas Regulamentadoras (NRs), conduzido pelo governo federal. O objetivo é simplificar exigências, digitalizar processos e fortalecer a cultura de prevenção. Entre os avanços mais importantes está a obrigatoriedade do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que substitui o antigo PPRA e passa a ser integrado ao eSocial e às demais normas de Saúde e Segurança do Trabalho (SST).
📌 Destaque para o RH: o novo PGR deve contemplar também riscos psicossociais, como estresse crônico, sobrecarga de trabalho, assédio moral e desequilíbrio entre vida pessoal e profissional. Essa inclusão consolida a saúde mental como parte oficial da estratégia de
👉 NR-1: o que muda na segurança e saúde do trabalho até 2026
Cuidar da saúde mental no trabalho vai muito além de uma tendência — é uma necessidade estratégica para qualquer empresa que busca produtividade sustentável e equipes realmente engajadas. Quando o bem-estar emocional é negligenciado, os impactos são imediatos: aumento do estresse, queda de desempenho e maior risco de afastamentos por transtornos mentais, como burnout, depressão e ansiedade ocupacional.
Segundo dados do Ministério da Previdência, os transtornos mentais já figuram entre as principais causas de afastamento por licença médica no Brasil — e os números continuam crescendo. Somente em 2024, foram registradas 471.649 concessões de benefícios previdenciários, acidentários (B91) ou não (B31), relacionadas a quadros de saúde mental.
Esses afastamentos afetam, sobretudo, profissionais submetidos a altas cargas de trabalho, falta de reconhecimento ou contextos corporativos de risco psicossocial, caracterizados por pressão excessiva, falhas de comunicação e ausência de suporte emocional adequado.
O impacto vai além dos custos financeiros. Ele inclui perdas humanas, equipes sobrecarregadas e queda de produtividade. Também afeta o clima organizacional, que fica fragilizado. Muitas vezes, o sucesso é confundido com o esgotamento.
Por outro lado, um ambiente corporativo saudável previne crises de saúde mental. Isso significa criar espaços onde as pessoas possam se expressar sem medo, equilibrar demandas com pausas reais e sentir que são ouvidas e valorizadas. Pequenas ações, como incentivar pausas, respeitar horários de descanso e promover a escuta ativa, têm poder para transformar a cultura organizacional.
Para o RH e líderes de equipe, investir em programas de bem-estar e prevenção não é custo, é retorno garantido. Colaboradores emocionalmente saudáveis são mais produtivos, criativos e comprometidos com os resultados. Além disso, a prevenção reduz afastamentos, melhora a retenção de talentos e reforça o employer branding, mostrando que a empresa se importa genuinamente com as pessoas.
A saúde mental dos trabalhadores deixou de ser um tema secundário e passou a ocupar o centro das estratégias de gestão de pessoas. Cada vez mais, líderes de RH reconhecem que cuidar do equilíbrio emocional é cuidar também da performance e da sustentabilidade do negócio.
Um colaborador mentalmente saudável apresenta maior capacidade de concentração, tomada de decisão e criatividade. Já o estresse profissional crônico — agravado por sobrecarga, metas abusivas ou falta de reconhecimento — pode gerar um ciclo perigoso de queda de desempenho, conflitos interpessoais e até crises de saúde mental.
Além disso, o burnout foi oficialmente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional, o que reforça a necessidade de políticas internas de prevenção. Empresas que oferecem apoio psicológico e escuta ativa ajudam a melhorar a qualidade de vida. Isso reduz o número de afastamentos por problemas mentais e fortalece a cultura de cuidado.
A produtividade no trabalho é o reflexo do equilíbrio entre corpo, mente e ambiente. Quando os colaboradores se sentem valorizados, seguros e emocionalmente amparados, sua capacidade de entrega cresce — e o clima organizacional melhora de forma natural.
Em 2024, segundo dados do Ministério da Previdência, os afastamentos acidentários (B91) por transtornos mentais e comportamentais resultaram em 44 milhões de dias de trabalho perdidos. Esse número evidencia o impacto concreto da saúde mental sobre a produtividade e reforça a urgência de políticas corporativas preventivas.
Por outro lado, contextos corporativos de risco psicossocial, marcados por alta pressão, jornadas exaustivas e ausência de apoio emocional, são gatilhos diretos para queda de desempenho, absenteísmo e aumento do turnover. IInvestir em um programa estruturado de bem-estar e saúde mental, além de representar cuidado genuíno com as pessoas, é também uma estratégia inteligente de gestão que fortalece o clima organizacional, a produtividade, o engajamento e a sustentabilidade das organizações.
Um ponto crítico que merece atenção especial é a questão de gênero. O estudo Saúde Mental em Foco 2024, realizado pela Vittude, mostra que os homens relatam, em média, uma sensação de bem-estar mental superior à das mulheres. Enquanto 69% dos homens afirmam se sentir bem ou muito bem, entre as mulheres essa taxa cai para 59%.
Essa diferença reflete fatores culturais e sociais, como a sobrecarga mental e emocional feminina, resultado da dupla jornada entre responsabilidades profissionais, familiares e sociais. Esses fatores aumentam os níveis de estresse, ansiedade e risco de burnout, especialmente entre mulheres que ocupam cargos de liderança intermediária.
Para o RH, isso significa olhar além do sintoma individual e adotar uma abordagem sistêmica, baseada em indicadores de saúde mental e bem-estar corporativo. Taxas de absenteísmo, produtividade, rotatividade e engajamento são sinais valiosos para detectar desequilíbrios antes que se transformem em crises.
📌 Insight para líderes: o estresse não é apenas um problema individual, é um risco organizacional. Criar políticas que equilibrem demandas específicas, ofereçam suporte psicológico e promovam ambientes empáticos é essencial para prevenir afastamentos e preservar o capital humano.
👉 Nos próximos tópicos, veremos como as empresas podem cuidar ativamente da saúde mental de suas equipes, reduzir o estresse e prevenir o burnout — transformando o bem-estar em um diferencial competitivo real.
Entre as causas mais comuns de estresse no trabalho estão:
A 2ª edição da pesquisa Pulso RH (2024), publicada no Valor Ecónomico reforça a relação direta entre saúde mental no trabalho e engajamento organizacional. Segundo o levantamento, 70,1% dos colaboradores se sentem mais engajados quando percebem que a empresa cuida de sua saúde e bem-estar. Em contrapartida, entre aqueles que atuam em organizações que não priorizam esse tema, o índice despenca para 32,3% — evidenciando como o cuidado emocional impacta de forma mensurável a motivação e a produtividade.
A saúde mental dos trabalhadores é um reflexo direto da cultura e do clima organizacional. Ambientes que promovem escuta ativa, empatia e equilíbrio entre vida pessoal e profissional tendem a ter equipes mais produtivas, criativas e colaborativas. Por outro lado, culturas baseadas em cobranças excessivas, metas inalcançáveis e ausência de diálogo criam terreno fértil para o burnout, a desmotivação e o aumento dos afastamentos por estresse profissional.
Para o RH, cuidar da saúde mental é também uma estratégia empresarial de longo prazo. Equipes emocionalmente saudáveis apresentam menor rotatividade, maior engajamento e desempenho coletivo superior — fatores que se traduzem em resultados concretos e sustentáveis para o negócio.
Um dos pilares mais eficazes nessa construção é o feedback contínuo. Mais do que uma ferramenta de avaliação, ele é um instrumento de diálogo e reconhecimento. Feedbacks regulares e empáticos ajudam os colaboradores a compreender seus objetivos, identificar desafios e se desenvolver de forma equilibrada. Quando conduzido com transparência, o feedback reduz a ansiedade, previne o estresse e fortalece a confiança entre líderes e equipes — um dos antídotos mais eficazes contra o burnout e o desgaste emocional nas empresas.
Cuidar da saúde mental no trabalho começa por reconhecer que o estresse não é apenas individual — é organizacional. Jornadas longas, metas excessivas, falta de autonomia e comunicação ineficiente estão entre os principais gatilhos para o esgotamento emocional. Prevenir o burnout, portanto, exige mudanças estruturais e culturais, não apenas ações pontuais.
Mais do que campanhas isoladas de saúde mental, é preciso criar rotinas de cuidado. Isso inclui desde pausas programadas e incentivo ao descanso até políticas claras de desconexão digital. A empresa deve sinalizar — com atitudes e não apenas discursos — que o bem-estar é prioridade.
💡 Exemplo prático: permitir horários flexíveis, implementar programas de apoio psicológico e estimular líderes a conversar regularmente sobre sobrecarga e limites.
O estresse profissional está frequentemente ligado à má distribuição de tarefas e à falta de clareza nas metas. O RH pode atuar revisando processos, equilibrando demandas entre equipes e adotando ferramentas que aumentem a autonomia e organização.
Um ambiente previsível, com comunicação aberta e expectativas claras, é o antídoto mais eficaz contra o estresse crônico.
O comportamento das lideranças é determinante na prevenção do burnout. Líderes empáticos, que sabem ouvir e reconhecer sinais de esgotamento, ajudam a identificar crises antes que se tornem graves.
Promover treinamentos sobre inteligência emocional, empatia e comunicação não violenta fortalece o papel do gestor como agente de saúde mental dentro da empresa.
Dica: crie espaços seguros de escuta — tanto individuais quanto coletivos — e incentive que líderes compartilhem boas práticas de gestão saudável.
Ferramentas de RH e plataformas integradas ajudam a monitorar indicadores de bem-estar, engajamento e absenteísmo. Ao cruzar dados de desempenho, clima e saúde ocupacional, o RH consegue agir de forma preventiva, ajustando cargas de trabalho e identificando áreas com maior risco de burnout.
Esse acompanhamento estratégico torna a gestão mais humana e, ao mesmo tempo, mais eficiente — unindo cuidado e performance.
O reconhecimento é um dos fatores mais poderosos para reduzir o estresse e aumentar o engajamento. Um feedback positivo e frequente cria senso de propósito e pertencimento, equilibrando a pressão do dia a dia com a sensação de valorização.
Feedbacks não são apenas avaliações — são momentos de conexão humana que previnem o isolamento emocional típico do burnout.
Prevenir o burnout não é sobre apagar incêndios, mas sobre construir um ambiente emocionalmente sustentável. Empresas que promovem o cuidado diário, reconhecem suas pessoas e integram tecnologia e empatia na gestão são aquelas que transformam o bem-estar em vantagem competitiva — e constroem times mais saudáveis, produtivos e felizes.
Cuidar da saúde mental no trabalho é um compromisso contínuo. Cada conversa aberta, cada ajuste de jornada e cada gesto de reconhecimento reforçam o tipo de cultura que retém talentos e inspira resultados sustentáveis.
Aqui no blog da Buk, você encontra outros conteúdos essenciais para apoiar essa jornada:
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