Folha de Pagamento / Gestão de Pessoas
Plano de cargos e salários: como fazer e conectar ao plano de carreira
Um plano de cargos e salários funciona como um “GPS” do RH: ele organiza as funções da empresa, define faixas salariais, níveis de senioridade, critérios para evolução e regras de remuneração (incluindo políticas de bônus, quando aplicável). Na prática, ajuda a pagar com mais justiça, reduzir ruídos com o time e dar previsibilidade para liderança e finanças.
E tem mais: com a agenda de transparência salarial, esse tema deixou de ser apenas um “projeto de RH” e passou a envolver também gestão de risco, governança e marca empregadora.
Neste guia, você vai ver um passo a passo objetivo para sair do improviso: estruturar cargos, construir faixas, conectar com um plano de carreira e preparar sua base para o relatório de transparência salarial.
O que é um plano de cargos e salários (e por que ele importa)
Um plano de cargos e salários é um conjunto de políticas, critérios e estruturas que organiza como a empresa define cargos, níveis e remuneração — com consistência e transparência. Em vez de decisões “no improviso”, ele cria uma lógica clara para pagar, reconhecer e desenvolver pessoas ao longo do tempo.
Na prática, um bom plano define:
- Arquitetura de cargos: quais cargos existem e como se conectam
- Níveis e senioridades: por exemplo, júnior, pleno, sênior; coordenação, gerência
- Faixas salariais por cargo/nível: mínimo, referência e máximo
- Critérios de movimentação: promoção, mérito, reajuste, mudança lateral
- Governança: quem aprova, quando revisa e como documenta decisões
Como isso melhora processos de RH (e reduz retrabalho)
Quando o plano está bem estruturado, o RH deixa de “apagar incêndios” e ganha base para processos mais consistentes, como:
- Recrutamento e seleção: vagas mais alinhadas ao nível e à faixa correta
- Avaliação de desempenho: critérios de evolução conectados a entregas e competências
- Plano de carreira: trilhas claras para crescimento, sem promessas vagas
- Cargos e salários: revisões mais justas, com menos exceções e menos ruído
Impacto direto no clima organizacional
A remuneração é um dos temas mais sensíveis dentro das empresas. Quando não há critérios claros, cresce a sensação de “depende de quem pede” — e isso afeta confiança, engajamento e retenção.
Com um plano de cargos e salários, você reduz esse tipo de desgaste porque:
- aumenta a percepção de justiça (mesmas regras para todos)
- melhora a transparência na comunicação de expectativas
- fortalece a confiança na liderança e no RH
- diminui conflitos e comparações improdutivas
Sem esse plano, cada ajuste vira uma “negociação caso a caso”, o que amplia a percepção de injustiça, dificulta retenção e deixa a empresa vulnerável em conversas sensíveis (inclusive as ligadas à igualdade e transparência salarial).
Plano de cargos e salários x plano de carreira: como as peças se encaixam
É comum tratar esses dois temas como sinônimos, mas eles respondem a perguntas diferentes — e, quando andam juntos, o RH ganha clareza e consistência.
Comparativo rápido: O que cada ferramenta oferece:
- Plano de cargos e salários: define a estrutura:
Quais cargos existem? Quais níveis? Qual faixa salarial? Quais critérios para reajuste e promoção? - Plano de carreira: define o caminho
O que a pessoa precisa desenvolver para crescer? Quais competências e entregas levam ao próximo nível? Quais trilhas (técnica/gestão) existem?
Exemplo prático: Analista de RH
Imagine o cargo Analista de RH.
No plano de cargos e salários, você define:
Níveis:- Jr = Júnior (nível inicial, menor autonomia/complexidade)
- Pl = Pleno (nível intermediário, mais autonomia e consistência nas entregas)
- Sr = Sênior (nível avançado, alta autonomia, maior impacto e influência)
- Jr: R$ X–Y
- Pl: R$ Y–Z
- Sr: R$ Z–W
No plano de carreira, você define:
O que diferencia Jr, Pl e Sr na prática- Jr: executa rotinas com supervisão e aprende processos
- Pl: assume projetos com autonomia e entrega com consistência
- Sr: lidera iniciativas, influencia decisões e desenvolve outros
Marcos: entregas e evidências que mostram que a pessoa está pronta para evoluir
Como as ferramentas se conectam
- A descrição de cargo define escopo e expectativas (base para ambos)
- As faixas salariais garantem coerência e evitam distorções entre áreas
- O plano de carreira explica “como crescer” (não só “quanto ganha”)
- A liderança passa a conversar sobre evolução com critérios e evidências, e não por percepção ou urgência
💡 Em resumo: cargos e salários organizam o sistema; o plano de carreira dá direção e sentido. Quando as duas ferramentas se alimentam, você reduz ruído, melhora a experiência do colaborador e fortalece o clima organizacional.
📌 Pode interessar também a leitura do artigo: O Employee Experience: o que é e como fortalecer cultura e RH
Passo a passo para criar um plano de cargos e salários do zero (com governança e escala)
Um plano de cargos e salários bem-feito não começa pela faixa salarial. Ele começa pela arquitetura do trabalho: entender como a empresa está organizada, quais decisões precisam ser tomadas e quais critérios vão sustentar essas decisões de forma consistente ao longo do tempo.
Passo 1:
Faça um diagnóstico da estrutura atual (o “mapa” antes da rota): antes de propor mudanças, construa uma fotografia objetiva do cenário:
- Inventário de cargos: título, área, gestor, quantidade de pessoas e localização (se houver)
- Vínculos e modelo de contratação: CLT, estagiário, temporário, PJ (se aplicável)
- Sobreposições e inconsistências: mesmo cargo com nomes diferentes (ex.: “Analista de Operações” x “Analista de Processos”) ou mesmo nome de cargo com escopos distintos (o problema mais comum)
- Cargos críticos: identifique alta rotatividade, impacto no negócio, dificuldade de reposição
O objetivo aqui não é “corrigir” tudo — é criar uma base confiável para decisões, sem contaminar o projeto com exceções desde o início.
Passo 2: Estruture (ou revise) descrições de cargo com foco em governança.
A descrição de cargo não se limita a um texto meramente estético; ela constitui um instrumento de decisão. É imperativo que seja concisa, comparável e funcional para as áreas de liderança, Recursos Humanos e finanças.
- Missão do cargo: por que ele existe, em 2–3 linhas
- Principais responsabilidades: entregas-chave
- Escopo e limites: o que entra e o que não entra como responsabilidade
- Requisitos e competências: técnicas e comportamentais, com nível esperado
- Interfaces: com quem interage e por quê
- Nível hierárquico e reporte: a quem responde e se lidera pessoas.
Regra prática de especialista: se a descrição estiver vaga, a faixa salarial vira “chute”, e o plano perde credibilidade — internamente e em auditorias.
Passo 3: Desenhe a hierarquia e os níveis (a “job architecture”)
Exemplo simples e eficiente:
- Trilha técnica: Jr → Pl → Sr → Especialista
- Trilha de liderança: Coordenação → Gerência → Direção
Defina critérios mínimos para cada nível (impacto, autonomia, complexidade, influência).
Passo 4: Inclua o mercado em sua análise (sem se tornar refém dele)
- Compare cargos-chave com referências externas (pesquisas, benchmarking, consultorias).
- Use o mercado como limite de realidade, não como única regra: faixa precisa caber no orçamento e no modelo de negócio.
Passo 5: Crie faixas salariais por cargo/nível (com lógica clara)
Uma boa faixa costuma ter:
- mínimo (entrada/ajuste);
- médio (referência do nível);
- máximo (teto do nível antes de promover/mudar trilha).
E defina quando alguém anda dentro da faixa (mérito/performance) e quando precisa mudar de nível (promoção).
Passo 6: Defina política de movimentação e revisão
Exemplos de regras simples:
- ciclos semestrais/anuais de revisão de faixas;
- reajuste por mérito com critérios objetivos;
- promoção só com requisitos do próximo nível + orçamento aprovado;
- mudanças laterais com faixa-alvo definida.
Passo 7: Conecte tudo ao plano de carreira (para virar ferramenta de retenção)
A chave para o sucesso reside na transformação do plano em um diálogo contínuo.
- competências por nível;
- trilhas de aprendizado;
- marcos de performance;
- rituais de check-in (1:1, avaliação, calibragem).
Transparência salarial: como preparar a base para o relatório e reduzir riscos
Se sua empresa precisa lidar com relatório de transparência salarial, o trabalho começa muito antes do envio: começa em ter cargos bem definidos, faixas coerentes e critérios documentados. A Lei 14.611 e sua regulamentação colocam o tema de igualdade salarial e transparência em evidência — e isso impacta comunicação interna e governança.
Boas práticas para se preparar:
- padronize nomenclaturas de cargos (evita comparações distorcidas);
- garanta consistência entre descrição, nível e faixa salarial;
- documente critérios de remuneração e progressão (e aplique de verdade);
- crie um ritual de revisão de distorções (com RH + liderança + financeiro).
Você pode conferir também nosso guia sobre o tema: Principais dúvidas em relação ao relatório de Transparência
Como tecnologia e folha integrada sustentam o plano
Quando o plano de cargos e salários cresce, planilhas e documentos soltos começam a falhar: versões se multiplicam, aprovações se perdem e o histórico vira um risco. Por isso, um HCM com folha integrada deixa de ser só eficiência e passa a ser parte da governança do plano.
Na prática, a tecnologia ajuda a:
- centralizar descrições de cargo com histórico e versionamento;
- registrar critérios e evidências (promoção, mérito, movimentação);
- controlar mudanças de cargo/nível com trilha de aprovação;
- conectar cargos e faixas à folha, reduzindo inconsistências e retrabalho;
- gerar relatórios mais confiáveis e auditáveis, apoiando transparência e decisões defensáveis.
O resultado é um RH menos “operacional de conferência” e mais estratégico: com dados rastreáveis, previsibilidade de custos e conversas mais claras sobre evolução e remuneração. Isso fortalece a confiança interna, melhora o clima e prepara a empresa para demandas como o relatório de transparência salarial.
Quer acompanhar tendências, práticas e ferramentas que ajudam a construir ambientes de trabalho mais saudáveis? Assine nossa newsletter quinzenal e receba insights exclusivos sobre liderança, cultura e gestão de pessoas diretamente no seu e-mail.
Perguntas Frequentes
O que é um plano de cargos e salários?
É a estrutura que organiza cargos, níveis e faixas salariais, com regras claras de evolução e governança.
Plano de cargos e salários é o mesmo que plano de carreira?
Não. Cargos e salários definem estrutura e faixas; o plano de carreira define trilhas, competências e crescimento.
Como fazer um plano de cargos e salários passo a passo?
Mapeie cargos, revise descrições, defina níveis, pesquise mercado, crie faixas e estabeleça critérios de movimentação e revisão.
Como o relatório de transparência salarial se conecta ao plano?
Um plano de cargos bem estruturado facilita coerência de cargos/faixas e reduz distorções, ajudando na governança e na comunicação.
Com que frequência revisar faixas e política salarial?
Normalmente 1x por ano (ou semestral em empresas em rápido crescimento), com governança e orçamento definidos.
Olá! Sou a Lorena, criadora de conteúdo na Buk. Amo escrever, contar histórias e traduzir mundos com propósitos tra...



Deixe seu comentário